Mosaico

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Religiosidade amordaça a arte




A religiosidade amordaça a arte. Ela estabelece um conjunto de regras que diz consciente e inconscientemente o que pode e o que não pode ser feito. Ela aprisiona a expressão artísticas, estabelece os limites. Diz até onde você pode ir, até que nota pode tocar, até que traço pode rabiscar. Ela diz que tipo de som é mais santo e ungido e qual é mais profano.

A religiosidade limita. Limita o ativo do criar, limita o criativo. Ela olha pra alma e diz: daqui não passa. E passam-se duas décadas, então aquilo que era pecaminoso, foi tido como uma interpretação incorreta, então agora pode, agora é aceito pela sociedade religiosa.

A exemplo disso, antigamente colocar uma bateria no palco da igreja era pecado. Rock era pecado. Reggae era pecado. Rap era pecado. Vem grupos de fora do país e inserem elementos de guitarra, rock, pop, reggae e agora, então tudo pode. Até interpretação bíblica você encontra para explicar que realmente pode. Mas não podia.

A religiosidade faz com que a arte no meio cristão nunca seja pioneiro, sempre tornando-se uma cópia mal-feita. Porque simplesmente a arte não é feita de regras, dela ditam-se regras. A arte é a conexão com a alma, e o transcedente com o espiritual. A arte transpassa o racional, ela não se importa com a distância do abismo. Ela supera o abismo com ponte, com jato, com asas ou de um jeito ainda inimaginável.

A religiosidade anula a arte e a arte nada mais é que a expressão da Graça de Deus na vida do ser humano. Ela faz parte da semelhança entre essa criatura e o Eterno Criativo Criador. Deus criou e limitou o que quis, mas foi infinito na sua expressão artística - vide cada vida, cada junção de átomos, cada parte do Universo, infinitas descobertas e até a Vinda de Cristo, duvido que descobriremos tudo o que existe nesse planeta.

Confesso que dia a dia marreto a minha religiosidade. Também admito que nem tudo pode, mas ao mesmo tempo, que tudo que me disseram que não pode deve ser repensado criticamente e sim, à luz da Palavra, o filtro para todas as coisas que posso e o que não posso reter. O que de fato é bom e o que é mau.

Sonho ainda em ouvir músicas muito diferentes, exprimidas da alma e sendo entregues ao Rei das Artes. Sonho em ver expressões artísticas ditando as regras, e essas expressões sendo extraídas dos Céus. Sonho que a arte importe mais que as celebridades, mais que os ídolos gospels, mais que acreditar que um estilo musical tem mais unção que outro (como se a unção estivesse no objeto e não vindo da parte do Soberano). Sonho porque cansei da mesmice.

Sonho, busco, mas não sei se quantos estarão ao meu lado nessa luta. Digo que a cada dia acordo e sinto mais vontade de extrair de mim algo único, e entregar em gratidão ao Criador Criativo. Não estou sozinho, estou? Duvido.