Mosaico

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Fugitivo do tempo

Paulo não tinha tempo. Vida corrida. Suas horas voavam em supersônicos. Paulo dava bom dia para as pessoas na velocidade do trem bala. Estava sempre correndo. Correndo contra o tempo.

Tantas atividades e tantos projetos. Tantas pessoas para atender, falar, ajudar e se livrar. Paulo corria da casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade, da faculdade para o bar, do bar para a cama. Corria para pegar o ônibus, corria para pagar as contas que estavam atrasadas e evitar o nome sujo.

Mas um dia Paulo teve tempo, e quando teve tempo pode sentir a angústia. Percebeu que a falta de tempo era maravilhosa. Mais - era necessária. A falta de tempo era o motivo perfeito para não dar atenção para sua vó doente, para falar com sua namorada, para encontrar os amigos. Percebeu nesse entre-espaço que ter tempo lhe abria um enorme vazio.

Sem falta de tempo não havia desculpas para não terminar as tarefas das mais corriqueiras. Paulo então correu do tempo, para ter falta de tempo e anestesiar-se do vácuo de sua alma...

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